segunda-feira, 8 de junho de 2009

O que lê Deus?

O QUE LÊ DEUS?

Deus lê? O que lê Deus?

Claro que não falamos de Deus, falamos do pai Deuslene, do amigo, da pessoa que recepciona a todos durante o dia no Cra.

Esse Deus lê e muito. Procurei por ele, para saber o que leu nos últimos tempos, além de jornais e revistas,

Vai aí a lista:

- O caçador de pipas
- Cidade do Sol
- A menina que roubava livros
- Os homens do fim do mundo
- Anjos e demônios
- Fortaleza digital
- A cabana

Pronto, acabei de colocar a última leva de leituras de Deuslene. Ele já deve ter terminado de ler o último da lista. Pode perguntar a ele que já deve haver novidade. O leitor que pegou o vírus da leitura não tem cura. (Gostaram da rima?)

LOBBY O QUE É?

LOBBY – O QUE É?

Lobby – Pessoa ou grupo que, nas ante-salas do Congresso, tentam influenciar os representantes do povo no sentido de fazê-los votar segundo os próprios interesses ou de grupos que representam.
(Fonte: www.uol.com.br/aprendiz)


Congresso discute tema há 20 anos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Arrasta-se há 20 anos no Congresso, sem solução, o debate sobre a regulamentação da atividade de lobby.
O tema divide a própria categoria. Um setor defende uma regulamentação mais profunda, com regras de transparência e responsabilidade jurídica. Outro prefere mais liberdade, tornando o lobby uma profissão regular, com direito a credenciamento nos três Poderes.

Hoje, tramitam na Câmara nove propostas acerca do tema. A mais antiga é do senador Marco Maciel (DEM-PE), que propõe regras para atuação dos lobistas somente no Legislativo. A mais nova, que tem a preferência do governo, foi apresentada pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP) e abrange toda a administração pública.

Os EUA regulamentaram a atividade em 1946. A União Europeia, em 2006. No Brasil, nada existe a respeito da prática, apesar de a regulamentação do lobby fazer parte das metas da Enccla, o conjunto de ações governamentais estruturadas para combater a corrupção e a lavagem de dinheiro.
A CGU (Controladoria Geral da União) é responsável, juntamente com o Ministério da Justiça, pelo assunto dentro do governo.

Os dois órgãos defendem uma regulamentação que dê transparência ao serviço de lobby, obrigando os servidores públicos a divulgarem com quem se reuniram para tomar determinada decisão.
"Quando fizemos um seminário sobre o tema, ministros de Estado defenderam a ideia como prioritária, mas daí a isso se transformar em ação há diferença", diz o ministro da CGU, Jorge Hage.

O projeto de Zarattini define como lobby "pressão ou esforço deliberado para influenciar a decisão administrativa ou legislativa em determinado sentido, favorável à entidade representativa de grupo de interesse, ou de alguém atuando em defesa de interesse próprio ou de terceiros, ou em sentido contrário ao interesse de terceiros".

Entre outras exigências, determina que o lobista faça uma declaração anual ao Tribunal de Contas da União na qual devem constar as notas fiscais de todas as despesas decorrentes de sua atividade.
Também é necessário informar o número de horas investidas na prática da influência, com que propósito e em nome de qual cliente.

(Folha de São Paulo, 07/06/2009, Caderno A)

REGRA DO JOGO

Escritórios dividem espaço com "milagreiros" terceirizados
Incomodados com associação à corrupção, lobistas profissionais renegam trabalho da segunda categoria, que cobra taxa de sucesso sobre valor de negócios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Personagens dos bastidores e dos grandes e pequenos negócios de Brasília, os lobistas integram uma comunidade formada por escritórios profissionais, diretores de grandes empresas, dirigentes de entidades e os chamados "milagreiros".

Essa última categoria é aquela dos que prometem resolver qualquer negócio, trabalham como terceirizados e geralmente cobram taxa de sucesso, uma porcentagem sobre o valor obtido na transação.

Incomodados com a associação do termo lobby ao tráfico de influência e à corrupção, os lobistas profissionais não gostam de serem confundidos com os "milagreiros". Estes são mais visados pela Polícia Federal e costumam assumir responsabilidades quando flagrados, isentando seus clientes.

As estruturas classificadas de profissionais e que admitem abertamente fazer lobby são os escritórios de assessoria e consultoria. Os mais conhecidos são a Patri e a Umbelino Lôbo. Os dois contam com equipes de consultores que circulam pelo Executivo, Congresso e Judiciário monitorando os trabalhos dos três Poderes.

A Patri tem cerca de 55 funcionários e a Umbelino Lôbo, 24. Trabalham para empresas e entidades por meio de contratos de prestação de serviços, fornecendo banco de dados e definindo estratégias de ação para atingir os objetivos desejados, o que inclui agendamento de reuniões com autoridades.

Enquanto a Patri e a Umbelino Lôbo admitem que fazem lobby, com a ressalva de que não trabalham com taxa de sucesso nem negociam diretamente em nome de seus clientes, a maior parte dos lobistas evita a classificação por considerá-la pejorativa.

As grandes empresas, por sinal, usam duas designações para identificar seus profissionais responsáveis pelos contatos e negociações com o poder público: os diretores de relações governamentais ou de relações institucionais.

Funcionários de tradicionais doadores de campanha, os lobistas ou diretores de relações governamentais de bancos e empreiteiras, por exemplo, reconhecem que têm mais facilidade no acesso a gabinetes do Executivo e são muito demandados por parlamentares. Afinal, muitos têm o poder de influenciar na lista de doação de suas empresas.

Recentemente, esses diretores, que não gostam de aparecer, foram expostos publicamente por causa da Operação Castelo de Areia, da PF, em que funcionários da Camargo Corrêa foram gravados falando de doações para políticos.

O assédio às empreiteiras é um assunto sensível. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio (PTB), que trata o assunto lobby com tranquilidade e é a favor da regulamentação, explica o porquê: "No Orçamento, onde atuam principalmente as empreiteiras, briga-se por dinheiro, nas demais comissões, por projeto. Ninguém quer assumir isso".

Como trabalham numa profissão sem reconhecimento legal, os lobistas não têm direito a credenciamento como tal para circular pelo público de 5.500 visitantes das quartas-feiras no Congresso, dia reservado para as votações mais importan
tes.
No lobby das entidades de classe, o mais bem organizado é o da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que todo ano lança sua Agenda Legislativa. Na versão 2009, a publicação apresenta 13 projetos de interesse prioritário no Congresso. A CNI contratou o ex-deputado Gonzaga Mota para a interface com o Congresso e conta com a influência de seu presidente, deputado Armando Monteiro (PTB-PE), para os assuntos mais prioritários. (VC e AM)(Fonte: Folha de São Paulo, 07/06/2009)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

TEM DA SEMANA 04/05/09

TEMA DE REDAÇÃO – 04/05/09

VOCÊ É A FAVOR DO TOQUE DE RECOLHER PARA MENORES

Com base na leitura dos textos seguintes e em seus conhecimentos adquiridos ao longo da vida, escreva uma dissertação argumentativa, opinando a favor ou contra a lei em vigor em algumas cidades brasileiras.

Patrulhas fazem a lei valer
Cidades abordam jovens nas ruas de maneiras diferentes

Em Fernandópolis (SP), são 23h30 de uma sexta-feira (24/4). Dois camburões da Polícia Militar e dois carros da Polícia Civil sobem na calçada do restaurante Varanda Espeto.

Dos veículos, descem correndo homens que usam farda ou roupas pretas dos pés à cabeça. Todos com arma no coldre. Clientes se assustam.
Parece cena de filme de ação, mas é a ronda do toque de recolher, que a Folha acompanhou. Ela acontece uma vez por mês, em média, sem data marcada.
Depois de não acharem nenhum menor no "point" da cidade, a blitz volta a rodar. A próxima investida é em um bairro mais pobre.

De repente, outra freada: 12 componentes da ronda correm. Cinco pessoas são revistadas, com as mãos contra um muro.
Dois dos revistados são adultos. Um deles carrega uma arma. É preso em flagrante.
Os demais são adolescentes (um garoto de 17 anos e duas meninas, uma de 16 e outra de 15) e não têm álcool ou drogas, mas são apreendidos por estarem na rua àquela hora.

Ao entrarem no prédio do Conselho Tutelar, são recepcionados com broncas pelo juiz. À 1h30, são levados para casa -os pais de dois deles não foram encontrados.

Palavrinhas "mágicas"
"Podemos ver seu RG, por favor?" É assim que a ronda de Ilha Solteira aborda três pessoas (que provariam ser adultas), à 0h30 de um domingo (26/4). A ronda sai diariamente, com carros da PM, da Guarda Civil e do Conselho Tutelar. As sirenes ficam desligadas.

No dia em que a reportagem acompanhou a ronda, foram as conselheiras que falaram com quem estava na rua depois das 23h. Com todos, usaram as "expressões mágicas": "Por favor", "com licença" e "obrigada".

Mesmo quem não tivesse idade para estar na rua era tratado com gentileza. Como a menina de 16 anos que disse estar indo buscar a irmã, à 1h.
Ela pede que o amigo, adulto, vá na frente, falar com sua mãe, antes de ela chegar, escoltada. "É para ela não infartar."
A ronda espera por cinco minutos. Ao chegar, a mãe recebe a filha chorando. (CF)

(Folhateen, Folha de São Paulo, 04/05/2009)
A favor

"É o jeito de melhorar"

"Sou a favor do toque de recolher. É o único jeito de melhorar a cidade. Com o toque de recolher, não vai ter mais roubo nem tráfico ou brigas. Os jovens estão muito envolvidos com isso.

Hoje em dia, tem gente de 17 anos empinando moto pelas ruas daqui.
O toque não mudou meu dia a dia, até agora. É porque não saio à noite, mesmo. Se eu tiver vontade de ficar na rua daqui a dois ou três anos, vou achar ruim. Mas, mesmo assim, vou ficar dentro de casa, sabendo que não posso, por causa dos outros.

A única coisa que mudou por causa do toque foi o horário do meu catecismo. Antes, ia até 19h30. Agora, que tenho que estar em casa às 20h30, adiantaram, para terminar às 18h30.

No ano passado, quase roubaram a moto do meu pai, que estava estacionada na frente de casa. Eram dois menores, que não foram presos."

RUBENS ALEXANDRE COSTA JUNIOR, 13, mora em Ilha Solteira
Contra

"Vai ser pior no verão"

"Acho o toque de recolher bem ruim. Antes, eu ficava até as 22h na rua, agora tenho de voltar às 20h30.

Quando eu podia ficar na rua, ia para a casa de amigos, conversar, ou para LAN houses, jogar. Nesta semana, fiquei jogando computador, sozinho, em casa.

Tomara que não dê certo esse negócio de toque. No horário de verão, vai ser bem pior do que agora, por causa do calor, que dá vontade de ficar na rua.

Eles dizem que o toque existe por causa da maconha e de outras drogas, que são proibidas. Mas quem quiser pode dar um jeitinho de conseguir, de qualquer jeito.

Às vezes, saio "correndo" de bicicleta, para comprar Coca-Cola na padaria. Tenho medo de que me peguem no caminho, mas acho que minha mãe não ficaria brava comigo, porque ela sempre sabe onde estou. Ela ficaria brava com os policiais."

LUCAS BARBOSA DE OLIVEIRA, 13,
mora em Ilha Solteira

Teens acham jeitos de burlar o toque

Mudar de cidade ou levar festa para casa são táticas de quem está sob a lei
Até duas semanas atrás, a noitada de Selvíria (MS) era a "prima pobre" da região. Mas, graças ao toque de recolher de Ilha Solteira (a 12 km de distância), suas madrugadas devem "bombar", com jovens locais mais os fugidos da lei da cidade vizinha.

Por ter só 6.413 habitantes, a galera de Selvíria ia se divertir em Ilha Solteira (SP) -onde há 7.400 menores de idade.
Mas o toque micou a noite jovem ilhense. "Tá ruim, as meninas não tão na rua, pra a gente ver", diz Willian Cambuin, 15.

Para a felicidade de outros, o tráfego mudou de direção: "A galera está vindo para cá!", diz Tiago do Nascimento, 18. Ele cruzava toda semana a barragem do rio Paraná, que separa as cidades, para ir curtir.

Nilson Rodrigues, 23, está aliviado: não tem mais que dar caronas para Ilha Solteira. "Vem às 2h para ver como vai estar cheio!", convida.
Nem precisou: às 21h, chegaram dois carros, com oito garotas. Seis delas eram adolescentes -vinham da cidade vizinha.

"Chutando minha porta"

Já em Fernandópolis (SP), o toque fez festinhas caseiras voltarem à moda. "É divertido. A gente conversa, dança, come... Só é ruim porque tem sempre adulto", diz Fernanda Calo, 16.

A cada sexta, a reunião é na casa de um amigo. "Ai, é um saco isso!", diz uma mãe. Na noite anterior, ela dormia, às 2h, quando o filho ligou para ser buscado em um churrasco, a seis quarteirões dali, diz.

Relutante, ela foi. "É como se o juiz chutasse a porta da minha casa e me dissesse como criar meu filho." (Folha de São Paulo, 04/05/2009)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

TEMA DE REDAÇÃO 27/04/2009

VOCÊ É A FAVOR DA PROIBIÇÃO DE FUMAR EM LUGARES PÚBLICOS?

TEMA: Com base na coletânea que segue e em seus conhecimentos acumulados ao longo da vida, escreva uma dissertação argumentativa sobre o tema acima. Coloque um título significativo.

TEXTO 1
Irlanda, Noruega, Suécia, Inglaterra, Itália e França são alguns dos países que, nos últimos anos, baniram o cigarro em ambientes fechados, como bares e restaurantes. O Brasil poderá segui-los em breve. Um projeto elaborado pelo Ministério da Saúde quer alterar o Artigo 2 da Lei no 9.294, de 1996, que permite o fumo em “área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente”. Essa lei é considerada defeituosa porque, na prática, as adaptações dos ambientes para isolar a fumaça foram deixadas de lado em favor de simples divisões de espaço que não protegem os não-fumantes. “A legislação atual é inócua para a proteção do fumante passivo”, afirma o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que espera que o veto ao fumo entre em vigor ainda neste ano.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o tabagismo é a maior causa isolada evitável de mortes precoces em todo o mundo; o tabagismo indireto a terceira. “Os danos para um fumante passivo não são tão diferentes daqueles que sofrem os fumantes”, afirma a oncologista Nise Yamaguchi, diretora da Aliança pelo Controle do Tabagismo e pesquisadora do Hospital das Clínicas da USP. Para Nise, a proibição do fumo em lugares fechados é uma das formas mais eficientes de diminuir o tabagismo. “Quanto mais tempo a pessoa consegue ficar sem fumar, mais fácil será para parar”, diz a médica.

Prevê-se que a medida ajude a reduzir ainda mais o número de fumantes, que está em queda. Nos últimos 15 anos, desde que a publicidade de cigarro foi proibida e fotos dos problemas de saúde começaram a ser estampadas nos maços, caiu de 24% para 19% o número de adultos que fumam. O resultado pôs o Brasil no topo do ranking dos países que mais reduziram o tabagismo feito pela Organização Mundial da Saúde. O governo também pensa em aumentar as taxas sobre os cigarros.
“A legislação atual é inócua para a proteção do fumante passivo”,
afirma o ministro da Saúde

Apesar da pressão crescente sobre o fumo em todo o mundo, ainda está longe o fim do vício: há 1,2 bilhão de fumantes no mundo, cerca de um quinto da população do planeta. Segundo Ruth Malone, diretora do Programa de Políticas de Saúde da Universidade da Califórnia, a tendência é de queda. “Mais pessoas estão experimentando o que é viver sem inalar passivamente a fumaça”, diz a especialista. “Quanto mais os não-fumantes perceberem que a fumaça é realmente prejudicial, menos se sujeitarão à exposição à fumaça dos outros. Mas ainda é cedo para dizer que vencemos.”

Nos Estados Unidos, a luta contra o cigarro já chegou à esfera privada. Nas cidades de Calabasas e Belmont, na Califórnia, é proibido fumar até dentro de casa. Mesmo sem uma legislação tão extrema, o Brasil poderá se considerar na “vanguarda” mundial do movimento contra o tabagismo se proibir o fumo em lugares fechados. O ministro da Saúde afasta a hipótese de que a sociedade brasileira receba a restrição como uma ameaça às liberdades individuais. “Não existe liberdade individual quando você, com seu hábito, afeta a saúde de terceiros”, afirma Temporão. (Revista Época, 22/02/2008)

TEXTO 2
DRAUZIO VARELLA
O fumo em lugares fechados

AGORA QUE as paixões acalmaram, volto à proibição do fumo em ambientes fechados, aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas. Como é possível considerar a proibição de fumar nos lugares em que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual?
As evidências científicas de que o fumante passivo também fuma são tantas e tão contundentes que os defensores do direito de encher de fumaça restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por duas razões: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente, não consigo imaginar terceira alternativa.

Vamos começar pela ignorância. Num país de baixos níveis de escolaridade como o nosso, nem todos têm acesso a conhecimentos básicos.
A fumaça expelida dos pulmões fumantes contém, em média, um sétimo das substâncias voláteis e particuladas do total inalado. Já aquela liberada a partir da ponta acesa, contém substâncias tóxicas em concentrações bem maiores: três vezes mais nicotina, três a oito vezes mais monóxido de carbono, 47 vezes mais amônia, quatro vezes mais benzopireno e 52 vezes mais DNPB (estes dois, cancerígenos potentes).
Por serem de tamanho menor, as partículas que se desprendem da ponta acesa, produzidas durante 96% do tempo em que um cigarro é consumido, penetram com mais facilidade nos alvéolos pulmonares.

Depois de uma manhã de trabalho num escritório em que várias pessoas fumam, a concentração de nicotina no sangue de um abstêmio pode atingir os níveis de quem tivesse fumado três a cinco cigarros. Empregados de bares e restaurantes que passam seis horas em ambientes carregados de fumaça, chegam a ter concentrações sanguíneas de nicotina equivalentes a de quem fumou cinco ou mais cigarros.
Mulheres gestantes expostas à poluição do fumo em casa ou no trabalho apresentam nicotina não apenas na corrente sanguínea, mas no líquido amniótico e no cordão umbilical do bebê.

A nicotina inalada pelo fumante passivo, associada ao monóxido de carbono, provoca lesões nas paredes internas das coronárias, redução do fluxo de sangue e do aporte de oxigênio para o músculo cardíaco, facilitando a formação de placas de ateroma e a ocorrência de infartos.

Um estudo feito por um grupo da Universidade Harvard entre 32.046 mulheres que nunca fumaram, ao contrário de seus maridos, mostrou que a incidência de doença coronariana entre elas atingiu quase o dobro daquela encontrada entre mulheres não expostas.

Pesquisa da Universidade Yale, nos Estados Unidos, com 10 milhões de mulheres de maridos fumantes revelou que a incidência de câncer de pulmão foi o dobro da esperada entre não fumantes.

Há poucos meses, nesta coluna citei um estudo recém publicado pela Universidade de Glasgow para avaliar o impacto da lei que proibiu o fumo em bares e restaurantes na incidência de ataques cardíacos.

Nos dez meses que antecederam a vigência da lei foram internados nos hospitais de Glasgow 3.235 pacientes com quadros coronarianos agudos. Nos dez meses seguintes à proibição houve 551 casos a menos. Houve queda em todos os grupos: 14% nos fumantes, 19% nos ex-fumantes e 21% nos não fumantes, a diminuição mais acentuada.

Para não abusar de sua paciência, leitor, serei breve: os dados são inequívocos, os fumantes passivos estão sujeitos a sofrer dos mesmos males que afligem os ativos.
Agora, vamos ao interesse pessoal dos que entendem que proibir a poluição ambiental causada pelo fumo é uma interferência do Estado na liberdade individual.

Se ainda não foi inventado um método de exaustão capaz de impedir que a fumaça se dissemine pelo ambiente inteiro, esses senhores defendem o indefensável. Liberdade para, por meio de uma ação individual, causar mal à coletividade? Não sejamos ridículos.

Os sindicatos dos empregados de bares e restaurantes que sempre se levantaram contra a proibição alegando risco de desemprego (fato que não ocorreu em nenhuma cidade do mundo), que medidas tomaram até hoje para proteger seus associados da poluição ambiental em que trabalham? Alguma vez lutaram para que eles recebessem adicional de insalubridade? Para que tivessem um plano de saúde decente?
Não é função do Estado proteger o cidadão do mal que ele causa a si mesmo. Mas é dever, sim, defendê-lo do mal que terceiros possam fazer contra ele. (Folha de São Paulo, 25/04/2009)
TEXTO 3

(Folha de São Paulo, 11/04/2009)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

TEMA DE REDAÇÃO 06/04/2009





MENTIRA É DOENÇA, PROBLEMA MORAL, NECESSIDADE OU BRINCADEIRA?

Em fevereiro de 2009, o mundo ficou espantado com a violência sofrida por uma advogada brasileira em Dübendorf, cidade da Suíça. Ela teria sido agredida e muito machucada por neonazistas, num ataque brutal de xenofobia (desconfiança, temor ou antipatia por estrangeiros). A jovem advogada teria, inclusive, sofrido um aborto de gêmeos, sendo encaminhada para o hospital em estado de choque. Até o presidente Lula declarou publicamente seu horror diante do acontecido. Poucos dias depois, contudo, o mundo inteiro se revoltou, ao descobrir que tudo era uma grande inverdade. Todos nós, certamente, conhecemos vários mentirosos. Por que eles existem? O que é, afinal, a mentira: doença, problema moral, necessidade irresistível, brincadeira? Ou o ato de mentir é provocado por todas essas razões?
ELABORE UMA DISSERTAÇÃO CONSIDERANDO AS IDÉIAS A SEGUIR:
Prenda-me se for capaz

Nem sempre a mentira tem perna curta. O filme de Steven Spielberg conta a história real de um mestre do disfarce, Frank Abagnale Jr. (personificado por Leonardo Di Caprio).

Ele fez carreira, aproveitando suas habilidades de grande mentiroso. Mudou várias vezes de identidade e viveu a vida como quis, aplicando golpes milionários, até ser apanhado pela polícia

O impostor, o estelionatário, muitas vezes, é uma figura sedutora, mas isso não diminui a gravidade de seu crime.
Primeiro de abril!

"O hábito de brincar com essa data é universal. A origem das brincadeiras nesse dia é desconhecida, mas dizem que tudo começou no século 16, com a mudança para o calendário gregoriano, que trocou a comemoração do Ano Novo para 1º de janeiro (antes a data era móvel, variando de 25 de março a 1º de abril). Quem continuava comemorando na antiga data era chamado de "bobo de abril". Na Inglaterra, quem "cai em 1º de abril" é chamado de noodle (pateta). Na França, de poisson d'avril (peixe de abril); nos Estados Unidos, de april fool (bobo de abril)."

[IBGE Teen]

O mitômano ou mentiroso patológico

Mitômano (...) é a pessoa manipuladora e autocentrada que inventa histórias continuamente para conseguir o que quer, com pouca consideração ou respeito pelos interesses dos outros. (...) A causa pode ser mecanismo de defesa ou autoafirmação desenvolvido na primeira infância, associada à alguma desordem mental, caso das personalidades narcísicas ou histriônicas.
[Quando mentir é um problema, reportagem da revista "Época", 19/2/09]
Escritores e a mentira

• "A mentira é, muita vez, tão involuntária como a transpiração."
Machado de Assis
• "A principal mentira é aquela que contamos a nós mesmos".
Nietzsche
• "Somente as mulheres e os médicos sabem o quanto a mentira é benéfica aos homens."
Anatole France
• "A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer."
Mario Quintana
• "Uma mentira dá uma volta ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir".
Winston Churchill

(Fonte: www.uol.com.br

segunda-feira, 30 de março de 2009

TEMA DE REDAÇÃO 30/03/2009
A ESCRITA À MÃO VAI DESAPARECER?

Com base nos textos seguintes e em seus conhecimentos e experiências acumuladas ao longo da vida, escreva uma dissertação sobre o tema acima.

Escrevendo torto por linhas certas
Jovens da era digital contestam a utilidade de se escrever à mão; os efeitos começam a aparecer na caligrafia

DÉBORA YURI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um teclado na mão vale mais do que mil canetas no estojo? Simone Janovich, 17, acha que sim. Ela leva seu laptop para a escola todos os dias.

"Prefiro escrever no computador. Tenho facilidade para digitar, e fica mais organizado", diz ela, que acha mais fácil estudar "fazendo tudo no laptop".
"Tiro dúvidas com meus amigos pelo MSN, trocamos e-mails sobre anotações de aulas, falo on-line com os professores. O computador também poupa um pouco os dedos. Chega de calos!", continua ela, que só escreve à mão quando necessário -em geral, durante provas escolares e aulas de redação.

Como Simone, muitos jovens sentem-se mais à vontade digitando do que redigindo à mão.
Seria o prenúncio do fim da letra manual? A atual geração não escreve em agenda e diário, mas em blog; comunica-se por meios eletrônicos, com mensagens de texto por celular, MSN, Orkut, Twitter ou e-mail.

Caligrafia para quê?

Educadores relutam em apostar na extinção da caligrafia, mas admitem o desinteresse e a diminuição da prática.

"A escrita é um recurso que jamais vai acabar, é como os livros, que não vão sumir, embora muita gente hoje leia mais na internet. Só se aprende a escrever escrevendo e só se aprende a ler lendo. O mundo totalmente informatizado não é para essa nem para as próximas gerações", diz a psicopedagoga Lígia Fleury, do Colégio Renascença.
Muitos jovens questionam a importância de escrever à mão, diz Lígia. "Quando um aluno fala que não precisa disso, eu respondo que nem sempre ele terá um computador à disposição, que ninguém fica conectado 24 horas por dia. Tem que saber escrever manualmente."

No Renascença, os alunos podem levar laptops para a sala de aula, com uma restrição: nada de entrar na web. Nesse cenário, o maior vilão é o corretor ortográfico, criticado por educadores mais conservadores.

"Eu oriento os meus alunos, digo que essa ferramenta serve para chamar a atenção para um erro e ensinar o correto. Não pode ser usada como um ato mecânico de corrigir. Existe espaço para o computador e para o caderno na escola", diz Lígia.



Vestibular ainda exige manuscritos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A maioria dos adolescentes que não gosta de escrever à mão cita um temido inimigo: a redação dos vestibulares.

"Não é uma questão de beleza. A letra pode ser feia, desde que seja legível. Por outro lado, algumas pessoas têm uma letra bonita, mas inventam muito e acabam comprometendo a legibilidade do texto", diz Lilian Passarelli, coordenadora da banca de correção de redação do vestibular da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
Para ela, pouca gente vai descuidar da escrita manual, exigida atualmente pelos sistemas de admissão em universidades, concursos públicos e muitos empregos no Brasil. E esse cenário não deve mudar tão cedo.

"A PUC, por exemplo, tem 26 mil candidatos por ano. Será que teremos condições de fazer um vestibular totalmente informatizado, com um computador por aluno, levando em conta que não pode ser a máquina do próprio aluno?"

Mais importante é o registro pessoal, opinam educadores. "A letra é sua marca registrada, seu diferencial. É a prova de que você esteve aqui", diz Raquel Caruso, do EDAC. "Por que as pessoas pedem autógrafos dos seus ídolos ou uma dedicatória do autor no livro? E-mail? Eu posso pedir para a minha secretária escrever e assinar o meu nome." (DÉBORA YURI)

Outra adepta da moda de trocar pesados cadernos por um computador portátil é Marjorie Sterenberg, 16. "O meu laptop é como um caderno com todos os meus cadernos e com muito mais recursos. É mais prático anotar as aulas assim. Se você escreve errado, deleta, não precisa apagar ou riscar tudo", diz.

Marjorie admite que tem dificuldade para escrever à mão. "Eu estudava numa escola britânica onde todos os alunos tinham laptop desde a oitava série. Minha letra não é muito boa, não treinei caligrafia", conta ela, que sonha com provas digitalizadas e se preocupa com a redação do vestibular.

Rafael Elkabets, 16, só troca o computador pelo papel quando é obrigado. "No futuro, vou precisar mais do computador do que de caligrafia. Mas eu sempre me esforço para fazer letras bonitinhas nas redações", diz.

Para a psicopedagoga Raquel Caruso, diretora da Edac (Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico), o computador ajuda a camuflar falhas.
"Algumas crianças têm dificuldade na escrita manual e, quando conhecem o computador, esses problemas desaparecem. É preciso ter uma escrita que seja compreensível para os outros. Depois que isso estiver sedimentado, pode-se usar o computador sempre."

Essa geração não escreve menos, ao contrário -só não escreve mais à mão, compara Débora Vaz, diretora da Escola Castenheiras. "O [escritor] Mário Prata falou uma vez que essa geração escreve muito mais do que as anteriores. No meu tempo, era impensável um jovem ficar quatro horas seguidas lendo e escrevendo."
(Folha de São Paulo, 23/03/2009, Caderno Folhateen)

vestibular nacional unificado

O ATUAL FORMATO DO VESTIBULAR NO BRASIL PRECISA SER MODIFICADO?

SIM

A racionalidade da unificação

REYNALDO FERNANDES
AS PRINCIPAIS universidades requeriam que seus futuros alunos passassem por um exame de seleção. Por demanda de seus dirigentes e devido à dificuldade dos estudantes para se preparar para diferentes provas, criou-se uma comissão para realizar um único exame de admissão. Esse fato ocorreu nos EUA, no ano de 1900, quando surgiu o College Entrance Examination Board.

Hoje, praticamente todos os países desenvolvidos têm um exame nacional que serve para as universidades realizarem a seleção de alunos. A prática de exames de admissão descentralizados é peculiaridade brasileira. Exames descentralizados são ineficientes por limitar o número de instituições a que um estudante pode concorrer. Hoje é difícil pleitear uma vaga numa universidade distante. Na presença de um exame centralizado, o estudante poderia realizar a prova em sua cidade e se candidatar para qualquer universidade do país.
Mas a dificuldade logística para os estudantes não é o único inconveniente dos vestibulares.
O objetivo das boas universidades é selecionar os candidatos mais promissores. Assim, elas precisam encontrar indicadores que as auxiliem na tarefa de prever o desempenho acadêmico dos candidatos. Os exames de seleção têm essa função, mas acabam por interferir no currículo do ensino médio. É muito difícil para dirigentes educacionais adotar um currículo que, embora considerem o mais apropriado, reduza a probabilidade de seus estudantes de ingressar numa boa universidade.

No Brasil, os vestibulares convergiram para um formato padrão: baseiam-se no acúmulo de conteúdos, exigindo dos estudantes um conhecimento enciclopédico e com ênfase exagerada na memorização. As escolas acabam por se preocupar mais em cobrir os conteúdos exigidos pelos vestibulares do que em aprofundar e consolidar os conhecimentos e habilidades mais fundamentais. O resultado é tornar a escola desinteressante para muitos estudantes. Como os vestibulares chegaram a esse formato não é fácil explicar, mas, uma vez nele, pode ser difícil sair. Elaboradores dos vestibulares têm pouco incentivo para alterá-los de forma isolada. Se os estudantes se preparam para um tipo de prova, a universidade que adota outro tipo pode perder candidatos.

Isso ajuda a explicar por que os vestibulares não mudam, apesar de as críticas serem generalizadas. A proposta do MEC é a de haver um exame nacional para seleção de candidatos às universidades. O Enem já cumpre, ao menos em parte, essa finalidade. Ele é usado por diversas instituições de ensino superior como critério de seleção, parcial ou exclusivo, e é obrigatório para se inscrever no ProUni (Programa Universidade para Todos).

O Enem possui a vantagem de não exigir excesso de memorização e se concentrar em aspectos fundamentais, como a construção de argumentações consistentes e solução de problemas. Mas, ainda que busque aferir habilidades importantes, o Enem acaba por se relacionar menos diretamente com o saber escolar. O desempenho dos participantes nesse tipo de prova dificulta discriminar bons alunos de alunos excelentes, o que pode ser necessário para a seleção nos cursos de alta demanda. Tal característica faz com que muitas universidades resistam a utilizar o Enem como critério exclusivo de seleção. Por não abordar conteúdos de disciplinas específicas, o Enem também falha em organizar o currículo do ensino médio.

A proposta é modificar o Enem para incluir mais conteúdo escolar e possibilitar a separação de alunos com diversos níveis de proficiência. O exame seria algo entre o atual Enem e os vestibulares, a exemplo do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), mas com questões que permitam discriminar bons estudantes de estudantes ainda mais preparados.

Isso ajudaria a orientar o currículo do ensino médio e possibilitaria um critério mais racional de seleção de candidatos para as universidades. A ideia, ainda, é caminhar para um sistema de seleção mais parecido com o do resto do mundo. Nesse caso específico, nossa peculiaridade se aproxima de uma anomalia.

REYNALDO FERNANDES, professor titular do Departamento de Economia da USP em Ribeirão Preto, é presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação.

NÃO

Vestibular como anomalia?
CARLOS EDUARDO BINDI

O CONSENSO sobre a educação pública básica, oferecida para a maior parte da população de nosso país, é que ela está longe de ter a qualidade que deveria ter. Enquanto isso, o ensino superior público vai em sentido oposto e continua atraindo milhares de estudantes, retendo regularmente os mais preparados. Entre esses dois (des)níveis de ensino fica o vestibular.

Centenas de milhares de estudantes, a cada ano, procuram -por meio do vestibular- um lugar entre as melhores vagas oferecidas. Com o poder de recusar, por vezes, mais de 95% dos inscritos e de proporcionar a poucos o privilégio de ter uma educação superior gratuita e de qualidade, os exames vestibulares ficam sob luzes intensas dos veículos de comunicação -sobretudo entre dezembro e março.

Assim, embora não seja propriamente um processo de natureza educacional, o vestibular se torna o mais visível e comentado elemento do sistema de ensino. Por causa disso, muito se fala sobre as características dos vestibulares, algumas reais, outras apenas mitológicas. O problema é que, prejudicando a qualidade dos debates e decisões, em muitos setores as características míticas ainda predominam. Apenas para ficar nos mitos mais comuns sobre o vestibular, temos o seguinte trio.
1) As questões de múltipla opção não selecionam pelo conhecimento, pois podem ser respondidas com dicas e truques ou sorte.

2) O vestibular atual pede conhecimentos desnecessários que praticamente só exigem memorização. Os mitos um e dois levam ao mito três: Escolas de ensino médio e cursinhos, pela influência malévola do vestibular, oferecem, no lugar de conhecimentos, dicas, truques e "decorebas" para seus alunos terem sucesso. Cada um desses mitos não resiste ao confronto com a realidade da seleção realizada pelos grandes vestibulares. Mas são muito bem-sucedidos em reuniões político-acadêmicas que não se embasam em estudos sérios.

Nos vestibulares de medicina da Fuvest, Unicamp, Unifesp, Unesp e UFSCar, que têm praticamente os mesmos 10 mil candidatos, encontramos invariavelmente a coincidência dos aprovados. Certamente isso não se deve aos aprovados terem sido treinados com truques e dicas para cada um desses exames. Eles mostraram, isto sim, firmes conhecimentos básicos em todas essas avaliações a que foram submetidos -tivessem a forma de testes ou de questões analíticas.

O vestibular é uma das instituições de maior credibilidade em nosso país. Ao longo do tempo, milhões de estudantes -e não é força de expressão- têm se submetido a esses exames de seleção sem obter sucesso, mas sem questionar a lisura e a transparência do processo que os eliminou.

O estudante da escola pública de ensino médio nunca questiona o vestibular, alegando ser ele ilícito. Ele reclama é do fato de não ter sido aprovado porque não teve acesso ao conhecimento que deveria ter sido proporcionado a ele. Por isso, mudanças nos vestibulares não devem ser aplaudidas por serem mudanças. É fácil acusar o vestibular de problemas que não são atinentes a ele. É fácil valer-se de mitos de trânsito comum para ver valor em qualquer mudança. Ao contrário do que diz o editorial desta Folha de 23 de março, o vestibular não deve ser visto como anomalia. A má qualidade da educação básica pública, sim.

Quanto ao ensino particular, pode-se dizer com certeza que não está sofrendo pressão para atender exigências absurdas ou indevidas do vestibular. O que o vestibular atual passa é a necessidade de uma formação ampla em ciências e humanidades -que não seja apenas blablablá superficial. E sobra, sim, tempo para a escola incluir seus valores.

Quanto a valores, o vestibular tem outro grande mérito: o de passar aos jovens a ideia de que, no Brasil, existem processos seletivos sérios e respeitados. Isso pode não ser grande coisa em países escandinavos. Mas, em nosso país, é algo muito, muitíssimo raro. O vestibular não precisa ser atacado. Precisa ser preservado.

CARLOS EDUARDO BINDI, 61, educador, é diretor do Etapa Ensino e Cultura.
(Folha de São Paulo, 28/03/2009, pág. A3)

segunda-feira, 23 de março de 2009

TEMA DA SEMANA 23/03/2009

TEMA DE REDAÇÃO 23/03/2009

A partir da leitura do texto seguinte e de suas reflexões e experiências, desenvolva uma dissertação sobre o tema:

Vestibular nacional - deve-se manter como está ou unificar os processos seletivos?


Vestibular nacional
O MINISTRO da Educação, Fernando Haddad, pôs na praça uma ideia sobre vestibulares federais -sua unificação- que poderá conduzir a mudança profunda nos processos seletivos para ingresso nas universidades nacionais.

O vestibular representa uma típica anomalia acadêmica brasileira, que muito tem contribuído para deformar o ensino médio. Escolas secundárias sucumbem ao imperativo de treinar alunos para passar no exame, com ênfase em técnicas de memorização. Descuidam, assim, de transmitir-lhes o conhecimento necessário para viver e sobreviver no mundo contemporâneo, da esfera da cultura à do trabalho.

Qualquer iniciativa para subverter esse estado de coisas deve ser saudada e escrutinada com lupa, mesmo no estado embrionário em que foi apresentada a reitores das federais.

Candidatos às 227 mil vagas oferecidas anualmente pelas universidades do MEC, hoje, não têm como concorrer em mais de uma federal, pois os exames se realizam na mesma época. O conceito posto em discussão é que passem a concorrer simultaneamente em todas as unidades, sem sair de sua região.

O novo exame teria duas fases, como já praticam muitas instituições de ensino superior. Em lugar dos habituais testes de múltipla escolha, porém, a primeira seleção seria baseada de maneira exclusiva no Enem.

O que está deflagrando debate entre reitores e educadores é a segunda fase. Não há sombra de consenso ainda quanto a fazer uma só prova, com as mesmas questões dissertativas.

Alguns dirigentes das federais prefeririam manter controle direto sobre a etapa final da seleção, em nome da autonomia universitária, um princípio que não deveria ser atropelado. Há quem advogue usar só o Enem e parar por aí. Um terceiro grupo aceita a prova nacional, mas sem adesão obrigatória por todas as universidades federais.

Segundo o Ministério da Educação, há, contudo, concordância geral com o princípio da competição nacional pelas vagas de cada unidade. Se implantada, aumentaria de forma substancial a mobilidade de estudantes pelo país, contribuindo para que cada universidade federal tenha a chance de preencher suas vagas com os melhores candidatos.
(Fonte: Folha de São Paulo, 23/03/2009, pág. A2, Editorial)

segunda-feira, 16 de março de 2009

TEMA DA SEMANA 16/03/2009

O QUE NOS FAZ SERMOS HUMANOS?
Será a nossa capacidade de tentar tornar nossos sonhos realidade? Ou a nossa capacidade de amar?

Com base no texto seguinte, adaptado do Caderno Mais!, da Folha de São Paulo, de 15/03/2009, pág. 9 e em suas experiências de vida, desenvolva o tema proposto.

“A ficção científica, quando bem feita, tem o poder de nos remeter a uma reflexão sobre a condição humana; o que somos, como vivemos, por que existimos.

No filme "Inteligência Artificial", de Steven Spielberg , a grande revolução que ocorre na indústria robótica se dá quando o cientista-gênio (William Hurt no papel do Prof. Hobby), consegue programar o amor no robô-menino: com uma combinação de sete palavras, como num encanto mágico ou cabalístico, o robô passa a amar a sua mãe completa e totalmente. À parte os seus circuitos internos, ele passa a agir e sentir como um ser humano.

Além da busca do robô por sua humanidade, o filme questiona o outro lado da equação: será que nós estamos prontos para amar máquinas?
Apesar de estarmos longe de criar máquinas inteligentes e, mais ainda, máquinas capazes de amar, podemos refletir sobre essas possibilidades. Podemos não. Devemos. O casamento da genética com a cibernética vai mudar o mundo. Com o passar das décadas, seremos cada vez menos carne e osso. Mas não por isso menos humanos.” (Marcelo Gleiser, “Robôs apaixonados”)

segunda-feira, 9 de março de 2009

tema da semana 09/03/2009

TEMA DE REDAÇÃO – 09/03/2009

O aborto deve ou não deve ser legalizado? Por quê?

Há muitos anos, as nações discutem questões científicas, éticas, morais e religiosas que envolvem o aborto. Ele é legalizado e feito de forma segura em vários países, mas é ilegal e visto como grave crime em outros. Muitas mulheres (de todas as classe sociais e religiões) já interromperam uma gravidez indesejada, com ou sem ajuda médica, com ou sem respaldo legal. Uma das principais discussões é se a legalização do aborto diminuiria uma gravíssima questão de saúde pública: as complicações pós-aborto, que são a terceira causa de morte entre mulheres em idade fértil. O que você acha? Por razões médicas ou por escolha pessoal da mulher, o aborto deve ou não ser legalizado?
Quando o aborto é legalizado

"(...). No Brasil, o aborto só é permitido em casos de estupro ou de alto risco para a mãe. A interrupção da gravidez de bebês anencéfalos continua proibida, mas muitas mães têm conseguido autorização judicial para fazer o aborto." [Folha de S. Paulo, 08/02/2009.]

Aborto e história
"O aborto foi legalizado pela primeira vez na União Soviética, em 1920, e depois no Japão. Logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o procedimento foi legalizado nos países controlados pela URSS e, a partir de 1967, em grande parte das democracias ocidentais. As razões apontadas para esta legalização foram o infanticídio, a mortalidade materna ligada à prática de aborto ilegal, os problemas psíquicos da mãe, as malformações do feto, os casos de estupro ou incesto, e a superpopulação de alguns países. No entanto, sua legalização é fonte de diversas polêmicas. Será que a legalizaçao conduzirá à banalização da sua prática, transformando-o num método contraceptivo? O aborto será um problema legal ou moral? É o embrião uma "pessoa em potência"? [?] As pessoas que são contra o aborto consideram-no, é claro, um crime religioso ou moral, e as que o aceitam dividem-se em relação ao momento em que se aborta e às circunstâncias que levam as mulheres a praticá-lo."

[Ana Freitas, para o blog Aborto: crime ou opção]
Uma história brasileira
Após desafiar a medicina e sobreviver por um ano, oito meses e doze dias, a menina Marcela de Jesus Ferreira morreu na sexta-feira. Ela nasceu sem cérebro, no dia 20 de novembro de 2006, em Patrocínio Paulista, a 413 quilômetros de São Paulo. [...] A maioria dos bebês que nascem com anencefalia (sem cérebro) consegue sobreviver por apenas algumas horas. Marcela, porém, não só viveu por mais de um ano, como vinha se desenvolvendo e até ganhou peso bem recentemente. [...].Quando completou nove meses de vida, Marcela passou a receber benefício assistencial do INSS de um salário-mínimo. [...] Passou a chamar a atenção do país sobretudo quando fez três meses, desafiando a ciência [...]. A menina acabou virando ícone do movimento antiaborto. "Minha decisão foi bastante clara. Jamais pensei em fazer isso", dissea mãe, Cacilda Galante Ferreira. [Diário de S.Paulo, 03/08/2008]

Outra história brasileira
Eu tinha 18 anos e um corpinho lindo, sobrancelhas grandes, cabelos compridos e escuros. Na minha primeira relação sexual fiquei grávida. Meus pais sempre foram muito severos (...). Contei para uma amiga, uma vizinha. Ela soube de um local onde uma mulher fazia aborto. Numa sala pequena, sem anestesia, sem medicamento nenhum, fiz a curetagem. A dor era tão intensa que ameacei gritar. Jamais vou esquecer-me daquela voz falando em tom alto e áspero para eu calar a boca. Voltei para casa e tive hemorragia por vários dias. Acabei em um hospital. Estava muito doente. Minha família nunca soube disso e foi ruim ter de esconder. Para ser mãe a gente tem de desejar ter um filho. Ele tem direito à vida, é verdade. Mas com amor dos pais, com condições para crescer com saúde e boa educação. Hoje tenho o Marcelo, a melhor coisa que me aconteceu. Estava casada e preparada para ter um filho.[Hebe Camargo, apresentadora de TV, revista Veja, 17-09-1997]
Observações

· Seu texto deve ser escrito em língua portuguesa;
· Não deve estar redigido em forma de poema (versos) ou narração;
· A redação deve ter no mínimo 200 palavras e no máximo 30 linhas escritas;
· Não deixe de dar um título a sua redação;
· Elaboração da Proposta
Profa. Dra. Márcia Lígia Guidin
Tendo como base as idéias apresentadas nos textos acima, os inscritos fizeram uma dissertação sobre o tema O aborto deve ou não deve ser legalizado? Por quê?
Fonte: www.uol.com.br em 09/03/2009, com adaptações.


quinta-feira, 5 de março de 2009

propaganda dirigida à criança

De almas e negócios
Publicidade dirigida às crianças vende um desejo a quem não tem os meios para realizá-lo
UMA CRIANÇA , de cerca de oito anos, não sabe dizer o nome da fruta -uma manga- que tem na mão. A menina de menos de sete anos abre o armário e conta seus pares de sapatos: são mais de 30. O garoto descreve seu celular: "Tem foto, MP3, é bem básico". E demonstra surpresa de a repórter perguntar se esse celular "bem básico" é seu primeiro: "Não, é o terceiro...".Essas são cenas de "Criança, a Alma do Negócio", documentário de Estella Renner que foi exibido na TV Cultura no dia 1º de janeiro deste ano, quando a emissora deixou de veicular propaganda dirigida às crianças no horário em que se concentra sua programação infantil (entre 8h e 19h20).Embora seja possível ver o filme de Estela Renner na internet (www.alana.org.br/CriancaConsumo/Biblioteca.aspx?v=8&pid=40), é pena que não volte à programação justamente hoje, Dia Internacional da Criança no Rádio e na Televisão. A Cultura exibe uma programação especial, mas seria oportuno reexibir o documentário, como forma de retomar uma discussão importante sobre crianças e mídia.Enquanto tramita no Congresso uma lei que, a exemplo do que ocorre em países desenvolvidos, pretende proibir publicidade dirigida diretamente às crianças, o mercado publicitário reage, ora deblaterando sobre "liberdade de expressão e censura", ora se antecipando à possível aprovação da lei no Congresso e tirando do ar, via o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o Conar, propagandas que foram "longe demais".O problema é que, como se vê em "Criança, a Alma do Negócio" ou observando uma criança diante da TV, toda publicidade vai longe demais, pois parte de um princípio perverso -vende-se um desejo para quem não tem os meios, nem a autonomia para realizá-lo. É antieducativa por excelência, a não ser que se considere, a sério, a possibilidade de o adestramento para o consumo substituir definitivamente a educação. E aí durma-se com um barulho desses.Quanto à liberdade de expressão, vale citar artigo de duas juristas, Flávia Piovesan e Tamara Amoroso Gonçalves, publicado aqui mesmo na Folha, em 16/2, que põe um ponto final na tibieza dessa argumentação: "(...) Não há que confundir a publicidade e a liberdade de expressão. (...) Trata-se de um direito [a liberdade de expressão] assegurado às pessoas físicas, abrangendo a livre manifestação do pensamento político, filosófico, religioso ou artístico. O alcance de tal direito não compreende a publicidade -atividade que utiliza meios artísticos visando essencialmente a venda de produtos".Texto Anterior: Novelas da semanaPróximo Texto: Crítica: Capitão Nascimento é uma ruína ambulanteÍndice
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proibição de comunicação mercadológica dirigida à criança

Restringir para proteger
FLÁVIA PIOVESAN e TAMARA AMOROSO GONÇALVES
Qual seria o regime mais adequado à proteção dos direitos das crianças? Seria razoável a imposição de limites à publicidade?
O CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) está cada vez mais rigoroso com relação à fiscalização da propaganda infantil. Se em 2007 sete comerciais foram suspensos pelo órgão, em 2008 o número foi para 17.Qual seria o regime mais adequado à proteção dos direitos das crianças? Seria razoável a imposição de limites à publicidade infantil? Isso significaria uma restrição arbitrária à liberdade de comércio? Como equilibrar os direitos das crianças com a liberdade empresarial?O tema ganha especial destaque no Legislativo, a partir de projeto de lei que determina a proibição de qualquer comunicação mercadológica destinada a crianças, aprovado pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara em 2008 e sob a apreciação da Comissão de Desenvolvimento Econômico, cujo parecer do relator defende ser a publicidade uma "atividade virtuosa, e não viciosa".De acordo com o projeto, entende-se por comunicação mercadológica: "Toda e qualquer atividade de comunicação comercial para a divulgação de produtos e serviços, independentemente do suporte, da mídia ou do meio utilizado", o que abrange "a própria publicidade, anúncios impressos, comerciais televisivos, "spots" de rádio, "banners" e "sites" na internet, embalagens, promoções, "merchandising" e disposição dos produtos nos pontos-de-venda".A comunicação mercadológica dirigida às crianças é aquela que faz uso de cenários fantasiosos, cores, músicas, personagens infantis e crianças modelo protagonizando os filmes publicitários. Pesquisas comprovam o impacto da propaganda endereçada à criança: contribui para a obesidade infantil (e outros distúrbios alimentares e doenças associadas), a erotização precoce, o estresse familiar e a violência, entre outros.Na maioria dos países desenvolvidos e com forte tradição democrática -como Suécia, Inglaterra, Alemanha-, a restrição à publicidade que se dirige às crianças não contou com a resistência das empresas. Nos EUA e na Europa, as empresas multinacionais têm concordado com essa política de "autolimitação", comprometendo-se a restringir significativamente a publicidade destinada às crianças.O mesmo não tem ocorrido no Brasil. No caso brasileiro, qualquer iniciativa de restrição e limitação suscita acirradas manifestações por parte do setor empresarial, sob o argumento de que tais propostas constituiriam atos de censura ou cerceamento da liberdade de expressão.Não bastando a duplicidade de políticas empresariais adotadas em países desenvolvidos e em desenvolvimento, não há que confundir a publicidade e a liberdade de expressão.A liberdade de expressão é direito consagrado no âmbito internacional e interno, enunciado em instrumentos de proteção de direitos humanos. Trata-se de um direito assegurado às pessoas físicas, abrangendo a livre manifestação do pensamento político, filosófico, religioso ou artístico. O alcance de tal direito não compreende a publicidade -atividade que utiliza meios artísticos visando essencialmente à venda de produtos.Diferentemente de reportagens jornalísticas, veiculadas nos mais diversos meios de comunicação, a publicidade necessita adquirir um espaço na mídia para se alojar. A sua lógica é a mercantil, orientada pela equação de compra e venda de produtos.Os parâmetros internacionais e constitucionais endossam a absoluta prevalência dos interesses da criança, seu interesse superior e a garantia de sua proteção integral, na qualidade de sujeito de direito em peculiar condição de desenvolvimento.Nesse sentido, destacam-se a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, a Constituição do Brasil de 1988 e o ECA. Ademais, organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde e o Comitê Permanente de Nutrição, reconhecem que a publicidade tem um papel central no desencadeamento de problemas alimentares, como a obesidade infantil.Como a criança encontra-se em processo de desenvolvimento biopsicológico, não tem o discernimento necessário para compreender o caráter da publicidade, o que torna seu direcionamento às crianças abusivo e, por conseguinte, ilegal.O clamor é o mesmo: a proteção da infância merece prevalecer ante o ilimitado exercício da atividade comercial concernente à comunicação mercadológica destinada às crianças.Na agenda brasileira, emergencial é disciplinar o exercício da atividade publicitária. Restringir a publicidade endereçada às crianças não é ato de censura e tampouco ofensa à liberdade de expressão. É imperativo ético na defesa e proteção à infância.
FLÁVIA PIOVESAN , doutora em direito constitucional e direitos humanos e professora da PUC-SP, PUC-PR e Universidade Pablo de Olavide (Sevilha, Espanha), é procuradora do Estado de São Paulo e membro do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. TAMARA AMOROSO GONÇALVES é advogada e mestranda em direitos humanos pela USP.Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências

segunda-feira, 2 de março de 2009

TEM DA SEMANA 1º DE MARÇO DE 2009

TEMA DA SEMANA 1º DE MARÇO DE 2009

Você é a favor de se proibir a veiculação de propaganda dirigida a crianças?

Referências:
Folha de São Paulo, 1º de março de 2009, Caderno Ilustrada, pág. E6.
Folha de São Paulo, 16 de fevereiro, de 2009, Caderno A, Tendências e Debates, pág. A3.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

TROTE UNIVERSITÁRIO IV

TROTRES DE CALOUROS
Contardo Calligaris

NA MINHA terceira viagem ao Brasil, num verão dos anos 1980, vi pela primeira vez, nos faróis, jovens de cabeça raspada e tinta espalhada pelo corpo e pelo rosto. Pensei que fizessem parte de um bloco carnavalesco. Não imaginei que a prática do trote de calouros ainda existisse no país.

Na Europa, no passado, essa prática tinha sido brutal: na Itália, os alunos "anciões" se reuniam em confrarias e vendiam proteção aos calouros, que compravam salvo-condutos para poder circular livremente. Alguns estudantes permaneciam na universidade para sempre, sem formar-se, e ganhavam a vida explorando os novatos.

Esse sistema acabou bem quando eu entrei na faculdade; dele, na Milão de 1966, só sobravam restos miseráveis: dois repetentes crônicos mendigando cigarros pelos corredores da universidade. Depois de 1968, até esses restos sumiram. Por que o costume do trote de calouros cessou naqueles anos?

O trote é um rito de iniciação, pelo qual os calouros seriam aceitos na comunidade: "Somos da mesma turma: fomos todos calouros um dia". Eu preferiria que a turma universitária tivesse outra consistência, mas a gente sabe que os adolescentes almejam sentir-se integrados -a qualquer custo ou quase. Seja como for, em regra, quem está sendo iniciado sente na carne os efeitos do poder que ele mesmo será autorizado a exercer depois de sua iniciação.

Mas cuidado, no trote iniciático, não se trata apenas de forçar o calouro a experimentar os efeitos do poder que ele terá sobre os futuros novatos. O que mais importa, na iniciação, é que o calouro sinta na pele os efeitos do poder que o grupo exerce ou pretende exercer sobre todo o resto da sociedade.

Um exemplo. Imaginemos que, para entrar numa máfia, eu seja amputado de um dedo. Os candidatos futuros também serão amputados (por mim ou por eles mesmos), mas, antes de mais nada, minha iniciação deve me lembrar que a máfia, na qual estou entrando, arroga-se o direito de amputar os bens e a carne de todos os que não fazem parte da "família". Como isso se aplica ao caso dos calouros?

Pois é, no Brasil de hoje, a universidade ainda é um clube de "elite", cujos membros podem se sentir autorizados a tratar não só os calouros, mas os comuns mortais como bichos. Estou exagerando? Talvez, mas não há muitos países em que existe uma cadeia especial para universitários e outra para pés-rapados.

E, se isso não bastar, mais dois lembretes. Em dezembro passado, um grupo de alunos de medicina da Universidade Estadual de Londrina festejaram sua formatura iminente com bebedeira, rojões e sprays de espuma -isso, numa enfermaria cheia de pacientes (alguns em estado grave). Eles comemoraram seu ingresso na profissão médica esbanjando seu poder de zombar dos que lhes confiariam sua vida.

No começo deste mês, em Campinas, estudantes de direito, que estavam atormentando calouros, estenderam o tratamento a um morador de rua que foi raspado, pintado e batido. Eles expressaram sua alegria de futuros juristas abusando dos direitos básicos de um desamparado. Talvez o trote de calouros sempre tenha sido isto, mundo afora: a iniciação numa "elite" que se define pela brutalidade de seu privilégio e que transmite a seus novatos a arte de brutalizar os zé-povinhos.

A partir de 68, na Europa, por efeito da contracultura, ser universitário não foi mais um passaporte para o privilégio, mas uma responsabilidade social. Em 92, estudantes brasileiros pintaram a cara por uma razão diferente do trote: teria sido uma boa ocasião para eles deixarem de ver a celebração do duvidoso privilégio de esculachar os moradores do andar (social) de baixo. Não aconteceu: a selvageria da divisão social continuou falando mais alto.

Na Folha de domingo passado, José Goldenberg, ex-reitor da USP, observou que as instituições universitárias não podem intervir em acontecimentos que, em geral, são externos à faculdade. Discordo. Não são tão "externos" assim: o trote compromete o próprio sentido do ensino, alimentando uma visão doentia do privilégio conferido pelo fato de frequentar uma universidade. A universidade e as próprias profissões às quais ela dá acesso deveriam, no mínimo, impor aos responsáveis pelos trotes uma formação suplementar: anos de serviço social e de cursos básicos de ética. Afinal, queremos uma "elite" que se ufana de seu privilégio e de seus abusos ou uma elite sem aspas?
(Folha de São Paulo, 19/02/2009, Caderno Ilustrada, pág. 10)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

TEMAS DA SEMANA 16/02/2009

TEMAS DA SEMANA:

1. Desglobalização: protecionismo, tensão social e crise climática - uma nova era?

2. Trote universitário: um ritual de iniciação necessário?

Referências:

1. Folha de São Paulo, 15/02/2009 - Caderno Mais!; 13/02/2009, charge, pág. A2;

2. Veja.com.br, 09/02/2009.

trote universitário III

(Fonte: Folha de São Paulo, 12/02/2009, pág. A2)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

DESGLOBALIZAÇÃO

DESGLOBALIZAÇÃO

Nacionalismo aumenta com recessão

DA REDAÇÃO

E spancada, na segunda passada, por skinheads em Dubendorf (Suíça), a brasileira Paula Oliveira acabou abortando a gravidez de gêmeos em decorrência dos ferimentos. Os agressores inscreveram a estilete, em suas pernas, a sigla do partido SVP -contrário à proposta, aprovada em referendo no domingo passado, de renovar e ampliar o acordo de imigração da Suíça com a União Europeia. Apesar de a maioria da população suíça ter se manifestado a favor do referendo, o crime não é o único exemplo da era da "desglobalização".

O termo foi cunhado pelo premiê britânico, Gordon Brown, no final de janeiro para referir-se aos países que endurecem as relações com imigrantes e capitalistas estrangeiros. "Essa forma de desglobalização, que vai levar ao protecionismo comercial se não for interrompida, é algo de que venho advertindo as pessoas", disse.

Seu mote "empregos britânicos para trabalhadores britânicos" foi apropriado no protesto de operários ingleses que rejeitaram a contratação de italianos e portugueses por uma refinaria de petróleo.

O Senado italiano suscitou protestos ao aprovar lei que torna crime a imigração ilegal (com até quatro anos de prisão) e estimula os médicos a delatarem imigrantes. A lei ainda carece de aprovação na Câmara. Na França, o ministro da Imigração, Eric Besson, propôs recompensar com vistos os estrangeiros que denunciarem redes de imigração. Nos EUA, o plano de estímulo à economia de Obama (mais de US$ 700 bilhões) condiciona a ajuda financeira ao uso de material proveniente de fornecedores americanos.
(Fonte: Folha de São Paulo, 15/02/2009, Caderno Mais!, pág. 4)

TROTE UNIVERSITÁRIO II

TROTE UNIVERSITÁRIO II



A origem medieval do trote universitário
9 de fevereiro de 2009

LINKS RELACIONADOS
· • Roberto Pompeu de Toledo Morte no trote da USP: a barbárie na universidade
· • André Petry Injustiça no caso da morte do calouro da USP
Por Marina Dias

Encerrada a temporada de vestibulares, as universidades brasileiras recebem nesta semana milhares de novos alunos. É a abertura da temporada de matrículas, aulas e trotes - uma das mais controversas tradições do ensino superior brasileiro. Nos últimos anos, os trotes a alunos novatos têm chamado mais a atenção devido aos excessos: o caso exemplar de exagero foi o episódio que levou à morte, há exatos dez anos, Edison Tsung Chi Hsueh, que ingressava na prestigiosa Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Na manhã seguinte ao churrasco de recepção aos calouros, o corpo do estudante foi encontrado no fundo da piscina da associação atlética da faculdade. A tradição, porém, não cessou.
A cada temporada de matrículas, o trote volta a preocupar. Mas ele é também uma forma de inserir os calouros na nova fase, algo que os antropólogos costumam chamar de "ritual de passagem". Trata-se de uma tradição medieval - no sentido temporal da palavra. Sim, a prática do trote persiste desde a Idade Média.


Segundo Antonio Zuin, professor do departamento de Educação da Universidade Federal de São Calos (UFSCar), os candidatos aos cursos das primeiras universidades europeias não podiam frequentar as mesmas salas que os veteranos e, portanto, assistiam às aulas a partir dos "vestíbulos" - local em que eram guardadas as vestimentas dos alunos. "As roupas dos novatos eram retiradas e queimadas, e seus cabelos, raspados. Essas atividades eram justificadas sobretudo pela necessidade de aplicação de medidas profiláticas contra a propagação de doenças", explica Zuin, que é também autor do livro O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de Iniciação.

"Cheguei a ficar com medo do trote, mas depois vi que era bem legal. É uma forma de integração. Quem ficou de fora, acabou se isolando bastante".
Clarice de Carvalho, 'bixete' de 2008 do curso de gestão ambiental da USP

Mais intrigante é a origem do termo "trote": é uma alusão à forma pela qual os cavalos se movimentam entre a marcha lenta e o galope. A aplicação da palavra ao mundo das relações entre calouro e veterano tem, na visão de Zuin, um significado claramente negativo. É como se o primeiro devesse ser "domesticado" pelo segundo "por meio de práticas vexatórias e dolorosas, que têm a função de esclarecer quais são as características das respectivas identidades". Paulo Denisar Fraga, filósofo e professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), ilumina outro termo do "vocabulário do calouro": "bixo", que no contexto do ingresso na universidade é utilizado para designar os novos alunos. "É um trocadilho desumanizador, em que a letra 'x' indica, depois do vestibular, aquele que está marcado".

Trote tupiniquim - Se tivesse existido fora do romance de Machado de Assis, Brás Cubas - personagem que, na infância, gostava de trotar sobre escravos - bem poderia ter trazido o trote da Europa para o Brasil. Isso porque, assim como o anti-herói de Memórias Póstumas de Brás Cubas, os responsáveis pela migração da tradição se formaram em direito em Coimbra, como era comum entre membros da elite no século XIX. O trote, então, foi incorporado às "boas-vindas" nos cursos de direito de São Paulo e Pernambuco. Em 1831, ocorreu a primeira morte de que se tem notícia: o estudante Francisco Cunha e Meneses, da Faculdade de Direito do Recife.


"Desde o princípio de sua aplicação, com exceção da questão profilática, o trote já era caracterizado como um rito de iniciação e de passagem, fundamentado numa integração de caráter sadomasoquista", afirma Zuin. Para ele, a prática serve como possibilidade de "vingar a dor" física e psicológica sofrida por alguém (o veterano, no caso) na universidade. "Para o calouro significa, entre outras coisas, a possibilidade de se sentir integrado na vida universitária e de se conformar com a promessa de que poderá se vingar das pancadas e, sobretudo, humilhações, no próximo ano, quando se tornar veterano".

Já Paulo Fraga procura iluminar a questão a partir de outro ponto de vista. Ele acredita que a palavra "trote" adquiriu com o tempo um sentido pejorativo e, por isso, deve ser substituída por outros termos. "Recepções alternativas podem ser produtivas para a introdução dos estudantes à vida universitária". Vitor Loureiro Sion, um "bixo" do curso de história da USP em 2007, concorda. "Ao contrário das brincadeiras de mau gosto que vejo por aí, encontrei pessoas civilizadas comemorando uma conquista importante da vida delas", lembra. Dennis Padial, ex-calouro do curso de design de games da Universidade Anhembi Morumbi, também guarda boa memória: "O trote é uma maneira de conhecer gente nova. Os veteranos não querem te sacanear, é apenas um jeito de você ser incluído no grupo, de virar amigo deles".

(Fonte: www.veja.com/09/02/2009)

Trote universitário

TROTE UNIVERSITÁRIO I

FOLHA DE SÃO PAULO – 15/02/2009, CADERNO MAIS! PÁG. 3

+(c)omportamento

Laços de sangue
Ingresso das mulheres nas universidades inglesas pode ter enfraquecido os trotes violentos, diz Peter Burke
ERNANE GUIMARÃES NETODA REDAÇÃO

O trote, hoje, conseguiu tornar algumas universidades brasileiras equivalentes às melhores da Europa -mas da Europa do século 17. Para o historiador britânico Peter Burke -especialista em história cultural e professor emérito de Cambridge-, a evolução histórica desses "rituais de iniciação" pode ser esclarecedora. Na entrevista abaixo, o colunista da seção "Autores", do Mais!, que iniciou seus estudos em Oxford nos anos 1950, sugere que o fim dos trotes violentos em seu país pode estar ligado à entrada das mulheres no meio universitário. No Brasil, onde o trote ainda é visto como um sinal de prestígio pelos próprios calouros, a vontade de mostrar tradição pode ser um estímulo à agressividade: "As mais antigas e prestigiosas instituições é que se apegam à tradição, possivelmente para lembrar a todos de que se trata de velhas faculdade", acrescenta Burke.


FOLHA - Por que, historicamente, as vítimas de trotes não protestam? PETER BURKE - Isso é normal, mas às vezes as vítimas agem. Em Oxford, no século 17, havia um ritual de iniciação para os novatos em cada "college" que envolvia, entre outras coisas, ficar em pé sobre uma mesa e beber muita água salgada. Um dos calouros, que depois se tornaria um político famoso, o conde de Shaftesbury, organizou a resistência em seu "college" e foi bem-sucedido.


FOLHA - O que esses "atos de iniciação" podem dizer sobre a sociedade em que estão inseridos? BURKE - A existência desse tipo de ritual é tão comum que não diz muito sobre a sociedade específica, a não ser, talvez, que você estude a história do ritual ao longo do tempo. Quando eu era estudante, nos anos 1950, os "colleges" de Oxford ainda tinham rituais de iniciação, apesar de não serem tão violentos quanto os do século 17. Desde então, eles enfraqueceram. Isso pode mostrar que a "sociedade" está se tornando mais gentil. Mas outra explicação poderia ser a de que os antigos "colleges" para homens começaram a admitir mulheres nos anos 1970-80 e, assim, rituais de "macho" passaram a parecer inapropriados.

FOLHA - Num artigo de 2001 ("Bricolagem de tradições", Mais!, 18/3), o sr. parafraseia Eric Hobsbawm, para quem "o final do século 19 foi um período em que tradições, principalmente rituais e festivais, foram criadas por instituições novas como forma de legitimar um apelo ao passado". A violência do trote brasileiro é inversamente proporcional à tradição e ao respeito representados pelas instituições acadêmicas? BURKE - Para responder essa pergunta seria necessário fazer um estudo comparativo de diferentes universidades brasileiras. Minha impressão, talvez falsa, é a de que são as instituições mais antigas e prestigiosas, como a Faculdade de Direito [da USP], que se apegam à tradição, possivelmente para lembrar a todos de que se trata de velhas faculdades.

FOLHA - O sr. vê o trote nas universidades brasileiras mais como uma tentativa de reconhecer um grupo de elite, como na antiga tradição militar, ou como um entretenimento sadomasoquista contemporâneo? BURKE - Acredito que a função do ritual era originalmente criar laços entre os iniciados e entre eles e a instituição, mas, em ambos os casos, o costume cria possibilidades para sádicos, as quais estes exploram, conscientemente ou não.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A FAMA E A CONSTRUÇÃO MIDIÁTICA

HISTÓRIAS DE MÁ FAMA

Livros analisam a construção midiática das celebridades desde os tempos áureos de Hollywood até a era das revistas de fofocas e da internet

O "Big Brother" é bem mais civilizado do que assistir a pessoas sendo devoradas por leões

STEPHEN CAVEA fama não é mais o que era. Houve época em que era dada àqueles que faziam algo útil, como descobrir a gravidade ou vencer uma guerra mundial. Hoje é entregue de graça a qualquer pessoa que fique em segundo lugar num programa de talentos na TV, que mais tarde tire a roupa para uma revista masculina e então escreva sua autobiografia aos 25 anos, enquanto tira o dia de folga de uma clínica de reabilitação.Ou, pelo menos, é disso que se queixam nossos intelectuais respeitados. Tome-se o caso de seu alvo favorito, Paris Hilton, a pessoa mais famosa a ser famosa simplesmente por ser famosa. Embora seja uma das pessoas mais procuradas no Google no mundo, ninguém consegue se lembrar exatamente por que nos interessamos por ela.O "Guinness World Records" [Ediouro] a classifica como a celebridade mais supervalorizada do mundo, mas nem sequer está claro por que é supervalorizada.

A acreditarmos nos especialistas de plantão, ela é a personificação de nossa era fútil, a figura de seios nus que está na proa de um navio durante um cruzeiro de festas regadas a muita bebida, que vaga a esmo sem um norte moral.Os filósofos, em especial, parecem estar convencidos de que nossa obsessão com a celebridade instantânea aponta para a aproximação do fim da civilização -e uma série de livros recém-lançados traz argumentos diversos sobre isso.

Do alto de sua torre de marfim, esses escritores veem Paris Hilton, Britney Spears, Lindsay Lohan e Jade Goody galopando em sua direção sobre os quatro cavalos do apocalipse cultural, corrompendo a juventude com seus vídeos sexuais pirateados e as confissões reveladoras que arrastam em sua esteira. Fim dos temposO primeiro lugar entre esses profetas do fim dos tempos é ocupado por Mark Rowlands, professor de filosofia na Universidade de Miami, cujo livro "Fame" [Fama, Acumen, 128 págs. 9,99, R$ 33] lamenta a ascensão do renome imerecido.Nos bons velhos tempos, afirma, a fama era associada ao respeito: "O tipo de respeito que acompanha o fato de ter realizado algo digno de nota ou de possuir talento que seja de algum modo excepcional".Hoje, a fama e o respeito seguem rumos distintos, resultando num número enorme "de pessoas singularmente destituídas de talento que são famosas no momento".

A ascensão do individualismo desde o iluminismo, diz, foi acompanhada por uma ascensão paralela de seu irmão gêmeo e desagradável: o relativismo, a crença de que não existem padrões objetivos.Rowlands conclui que hoje somos "intrinsecamente incapazes de distinguir qualidade de baboseira".Embora sua tese possa encontrar eco naqueles que preferem Bach a Britney, ela se baseia numa série de enganos. Para começar, a maioria de nós já emprega a palavra "celebridade" para indicar uma versão mais inconsistente da fama.Na realidade, desde o declínio de Atenas na Antiguidade, os filósofos vêm se queixando da decadência cultural.

Francis Bacon escreveu, 400 anos atrás, que "a fama é como um rio, que traz para a superfície as coisas leves e infladas e afoga as coisas pesadas e sólidas".Deve, sem dúvida, ser irritante para os filósofos assistirem a atores de segunda linha, atletas e extrovertidos sedentos por atenção serem convidados às festas às quais eles pensam que deveriam ser chamados, em virtude exclusivamente de seu intelecto poderoso.Lamentavelmente, as coisas nunca foram assim.

A frustração dos filósofos deve-se a uma falácia de que o livro de Rowlands constitui ótimo exemplo: a ideia ingênua de que a fama deveria ser proporcional à realização.Um ator de cinema talentoso sempre será mais famoso que um contabilista talentoso, devido à própria natureza de suas ocupações.A maior e mais criativa atuação no cinema existe para ser vista por milhões de pessoas; a maior e mais criativa contabilidade é muito mais bem feita a portas fechadas.A fama é produto de determinados setores -especialmente o setor do entretenimento em massa-, não uma estrela dourada entregue pela fada do bem àqueles que fazem jus a ela.

Mas a indústria da fama de fato mudou. A ascensão das comunicações instantâneas, da mídia digital e da alfabetização em massa alimentou o mercado das estrelas.Canais de TV dedicados às celebridades, sites e revistas como "Heat" e "People" multiplicaram exponencialmente a velocidade e o volume das fofocas sobre as celebridades -e o número destas. Mas é outra falácia comparar os grandes nomes do passado a esse panteão de celebridades de terceira linha e concluir que a era dourada da razão ficou no passado.

Grandes figuras como Platão, Michelangelo, Marie Curie e Churchill foram filtradas pelo tempo; as figuras efêmeras que diariamente passam rapidamente por nossas telas de TV não o foram -ainda.Também temos nossos nelson mandelas, toni morrisons e stephen hawkings. E as eras passadas tiveram suas paris hiltons, só que já foram relegadas ao esquecimento há tempos.A própria Paris Hilton fez uma observação sagaz: "Acho que nunca houve alguém como eu que tivesse durado".Mas o erro mais gritante desse livro curto é a alegação de que aqueles que acompanham as estripulias de Paris Hilton ou assistem a "Big Brother" perderam a capacidade que tinham nossos antepassados de avaliar a qualidade.

Hoje, mais pessoas do que nunca frequentam galerias de arte, leem romances ou até mesmo lançam novas formas de arte, fato que sugere que vivemos em tempos especialmente cultos. Se também damos vazão a nossos instintos mais baixos, como o voyeurismo, o fazemos de maneiras muito mais brandas do que nossos ancestrais.Diga-se o que quiser sobre "Big Brother", ele é bem mais civilizado do que assistir a pessoas sendo devoradas por leões.

Uma análise mais refletida da celebridade moderna poderia levar em conta o fato de ela satisfazer à necessidade universal de conto de fadas (histórias sobre miseráveis que ficam ricos) e de ver a soberba ser castigada (ricos que vão parar em clínicas de reabilitação de dependentes de drogas).

Outro filósofo/crítico cultural, Daniel Herwitz, explora esses temas em seu livro "The Star as Icon - Celebrity in the Age of Mass Consumption" [A Estrela como Ícone - Celebridade na Era do Consumo em Massa, Columbia University Press, 176 págs. 14,50, R$ 49], que provoca reflexão, mas também é frustrante.Herwitz foca algumas poucas celebridades que atingiram status de "ícones": a princesa Diana, Jackie Kennedy Onassis, Grace Kelly e Marilyn Monroe. Biografias inventadas Esse status, diz, requer uma aura de distância que é quase impossível criar no mundo "de alta rotatividade" de TV e web.Apenas Diana, cuja distância se devia a sua posição de princesa legítima, pôde manter essa aura e ao mesmo tempo caber na "intimidade acelerada" da televisão: a vida dela, diz Herwitz, era "pura telenovela".

Como Rowlands, Herwitz acredita que a mídia moderna provocou o divórcio entre a celebridade e o talento. Mas a análise que faz desse aparente declínio é mais sutil e mais favorável à celebridade. A TV faz sucesso por criar uma zona de conforto de intermináveis telenovelas e familiaridade tranquilizadora, argumenta, mas a essa "normalidade" acrescenta irreverência e improvisação.Em contraste, o mundo mais glamouroso do cinema é "frequentemente objeto de adoração cult, adoração de estrelas, voyeurismo, reconhecimento equivocado e saudosismo".

O mundo ficou mais pobre sem as estrelas icônicas do passado, acha, mas devemos nos precaver contra a adesão a seus mitos autoconstruídos. São esses os mitos que são desbancados por Mark Borkowski em seu alegre "The Fame Formula - How Hollywood's Fixers, Fakers and Star Makers Created the Celebrity Industry" [A Fórmula da Fama - Como os Arranjadores, Falsificadores e Criadores de Estrelas de Hollywood Criaram a Indústria da Celebridade, ed. Sidgwich & Jackson, 320 págs., 13,59, R$ 45].Seu livro celebra os agentes publicitários, criadores de mitos que converteram a matéria-prima de Hollywood, de valor desigual, em nomes conhecidos por todos. Sendo alguém que comanda sua própria empresa de relações públicas, Borkowski conhece bem o tema.Algumas das façanhas descritas já se tornaram lendas: em 1943 o estúdio Fox fez um seguro de US$ 1 milhão das pernas de Betty Grable, e a busca pela garota que faria o papel de Scarlett O'Hara em "E o Vento Levou", de 1939, que durou três anos, "pode ser descrita como a campanha publicitária mais influente de todos os tempos".

Anões voadoresBorkowski se compraz especialmente com as estripulias do agente publicitário independente Jim Moran, que, para promover a carreira de um músico que estava em baixa, soltou um touro de verdade numa loja de louças e precisou ser impedido de usar anões voando em pipas para fazer faixas publicitárias sobrevoarem o Central Park, em Nova York.O que mais chama a atenção é o trabalho dos agentes publicitários para conservar a imagem de contos de fadas de Hollywood, apesar da devassidão de seus astros.Contrariando suas imagens saudáveis, ele afirma que o início das carreiras de algumas grandes estrelas foi insalubre:"Um filme pornô supostamente estrelado por Joan Crawford foi cuidadosamente suprimido pela MGM, tendo todas as suas cópias sido escondidas ou destruídas e sua exibição limitada a grupos seletos de executivos da MGM."Para proteger suas imagens naquela época de censura maior, alguns agentes recorriam à invenção pura e simples. "Biografias falsificadas eram a regra", escreve Borkowski.

É irônico que, enquanto Rowlands culpa a ascensão do relativismo pelo declínio percebido no talento de nossas celebridades, Borkowski atribui esse declínio à ascensão da verdade.A ascensão das comunicações instantâneas "jogou por terra a capacidade de mentir tão livremente" de que desfrutaram os agentes publicitários no passado, escreve.

A mitificação de gerações anteriores de reis, cardeais e estrelas de cinema que tão bem enganou nossos filósofos, induzindo-os a acreditar na era de ouro, deixou de ser possível na era da reportagem instantânea.Explorar esta era imediata, superexposta, requer um tipo novo e particular de gênio. Uma Paris Hilton, por exemplo.
A íntegra deste texto saiu no "Financial Times".Tradução de Clara Allain.>> (Folha de São Paulo, 08/02/2009, Caderno Mais!)

O TRÁFEGO URBANO E OS CONFLITOS DE CLASSE, GÊNERO E OS CONFLITOS NACIONALISTAS

TERROR EM QUATRO RODAS
"Por Que Dirigimos Assim" mostra como o trânsito se transformou num microcosmo da sociedade atualMARCOS FLAMÍNIO PERESEDITOR DO MAIS! Se um dia ele já representou o despontar de um novo modo de vida, que propiciaria mais qualidade de vida, autonomia e privacidade, o carro está rapidamente se transformando na besta-fera das cidades grandes e médias em todo o mundo. Como o trânsito se tornou a parte mais importante e dolorosa do dia-a-dia das pessoas é o tema do amplo estudo "Por Que Dirigimos Assim - E o Que Isso Diz sobre Nós" (ed. Campus, trad. Cristina Yamagami, 300 págs., R$ 69,90), que está sendo lançado no Brasil. Escrito pelo americano Tom Vanderbilt, lança mão de pesquisas de ponta em áreas como psicologia, urbanismo e, claro, engenharia de tráfego para equacionar o problema e propor soluções. Para ele, o trânsito é um "microcosmo da sociedade", pois o cidadão, imobilizado por horas em seu carro em ruas e avenidas, vivencia "situações implícitas de poder".Vanderbilt defende que quanto maior o número de adesivos fixados em um carro, maior a agressividade do motorista que está dentro dele. Na entrevista abaixo, defende a adoção do pedágio urbano -algo que voltou a ser cogitado em São Paulo, nesta semana, pelo governo do Estado. No momento em que Detroit, a cidade ícone da civilização sobre quatro rodas, vai à lona com a crise econômica, Vanderbilt prevê o futuro em duas rodas como inevitável. Defende Copenhague por privilegiar a bicicleta -"é uma cidade muito mais agradável de viver". E, pela mesma razão, diz, Pequim está "atrás de seu tempo".

FOLHA - Qual é o futuro do tráfego nas grandes cidades?TOM VANDERBILT - As cidades continuarão a crescer, e acho inevitável a adoção de algum tipo de mecanismo de cobrança, como ocorre em Londres [que instituiu o pedágio urbano]. Na maior parte delas, não há como expandir a infraestrutura para automóveis, o que fará da cobrança um modo de administrar a demanda crescente.Cada vez mais veremos esquemas de "propriedade partilhada" de carros, que ajudam a lidar com a ineficiência da ocupação do espaço público, como estacionar os carros. Só para dar um exemplo, a maior parte dos carros fica parada cerca de 90% do tempo.

FOLHA - Por que o tráfego é um "microcosmo da sociedade", como o sr. diz em seu livro?VANDERBILT - O tráfego talvez seja a manifestação mais verdadeira da sociedade, pois a rua e a estrada, diferentemente de outros lugares, em geral misturam pessoas de todas as idades, classes, raças, religiões etc. Elas estão repletas de momentos de poder implícito, cheias de mostras ofensivas de egoísmo, de todo tipo de outros fenômenos psicológicos de muito interesse.

FOLHA - O sr. fala do tráfego como palco de conflitos de classe, conflitos de gênero e conflitos nacionalistas (como na Europa). O tráfego é um campo de batalha? VANDERBILT - Acho que ele oferece, definitivamente, um laboratório para entender como as pessoas tratam umas as outras. Por exemplo, um experimento psicológico clássico é colocar um veículo diante de um sinal de trânsito fechado e, então, não mover o carro quando o sinal abrir.Quando a pessoa que está no carro atrás buzina, verifica-se então quanto tempo ela buzina, para quem buzina etc.Isso costuma indicar certos padrões previsíveis, como, por exemplo: homens buzinam mais que mulheres, pessoas em carros de alto padrão buzinam mais do que pessoas em carros mais simples.Um estudo da Comunidade Europeia mostrou ser mais provável as pessoas buzinarem quando o veículo da frente tem placa de outro país.

FOLHA - O que os adesivos fixados em para-brisa têm a ver com a busca de identidade?VANDERBILT - No trânsito, frequentemente mantemos nosso desejo de nos comunicarmos como seres humanos, apesar de não dispormos de nossos sinais mais tradicionais para isso -como o contato visual.Os adesivos fixados em para-brisas -mais comuns nos EUA- me parecem um esforço para fixar a identidade de alguém em meio a um mar de anonimato; ou seja, são um esforço para falar a um público.Alguns psicólogos argumentam que esses adesivos são uma espécie de defesa territorial, na medida em que o carro representa um curioso paradoxo: um espaço privado imerso em um espaço público, o que potencializa a ansiedade.Meu argumento é o de que, quanto mais adesivos estão fixados um carro, mais o motorista busca defender seu território -e, portanto, irá dirigir com mais agressividade.

FOLHA - O anonimato que o trânsito proporciona pode funcionar como uma arma?VANDERBILT - Sem dúvida. Psicólogos como Philip Zimbardo demonstraram como as pessoas estão, no mínimo, menos propensas a cooperar quando não veem ninguém. Já em casos extremos, agem mais violentamente contra aqueles que elas não podem ver.Esse fenômeno é chamado de "desindividuação" e de fato pode ser amplificado por fenômenos como "sobrecarga sensorial" ou pressão do tempo -condições que se aplicam à perfeição no trânsito.

FOLHA - Motoristas e ciclistas -quem irá vencer a guerra?VANDERBILT - Prefiro não pensar nisso como uma competição, mas, sim, como acontece na Holanda, que ambos podem coexistir pacificamente.Obviamente, a sociedade seria muito melhor se menos pessoas dirigissem e mais pessoas pedalassem.Por isso, Copenhague é uma cidade muito mais agradável de viver -a cidade sustentável do futuro- e um lugar como Pequim, que é vista como uma cidade do futuro, está, na verdade, atrás de seu tempo. (Folha de São Paulo, Caderno Mais!, 08/02/2009)

A teoria da evolução e as diferentes reações religiosas

Teoria da evolução criou diferentes reações religio

A teoria da evolução, lançada há 150 anos com "A Origem das Espécies", de Charles Darwin (1809-82), choca-se com a explicação bíblica segundo a qual Deus criou o mundo em uma semana; principalmente na segunda metade do século 20, novas versões religiosas fizeram contraponto ao cientista.

Os criacionistas bíblicos, fiéis à letra do texto sagrado, têm sua versão mais extrema no criacionismo da Terra Jovem, segundo o qual toda a vida surgiu há 10 mil anos ou menos -tempo insuficiente para haver a evolução das espécies de seres unicelulares ao homem.Sensíveis a descobertas arqueológicas que mostram biomas distintos nas diferentes eras geológicas e exemplares da mudança passo-a-passo de uma espécie a outra, alguns religiosos defendem o evolucionismo teísta: a evolução estaria nos planos de Deus quando o universo foi criado.

Uma abordagem mais crítica ao evolucionismo é encampada pelo design inteligente: para seus defensores, a geração de espécies como os mamíferos é complexa demais para ter ocorrido por acaso ao longo dos tempos. Somente uma inteligência superior (Deus) poderia tê-la projetado.
(Folha de São Paulo, Caderno Mais!, 08/02/2009)

DARWIN,200

Darwin, 200
ENTRE OS pensadores mais influentes dos séculos 19 e 20, só Charles Darwin sobreviveu incólume ao teste do tempo. Os 200 anos de seu nascimento, comemorados nesta semana, encontram sua reputação em excelente forma. Com efeito, nunca foi tão válida a afirmação do grande evolucionista Theodosius Dobzhansky (1900-1975): "Nada em biologia faz sentido a não ser sob a luz da evolução".

A teoria darwiniana sofreu aperfeiçoamentos, mas seu cerne, a seleção natural, permanece intacto. O mecanismo foi exposto em obra clássica, "Origem das Espécies", que também faz aniversário (150 anos): a diversidade observável nos organismos é fruto da acumulação de incontáveis e discretas características hereditárias que tenham contribuído para a sobrevivência e a reprodução de seus portadores.

Outro pilar da teoria darwiniana: os milhões de espécies de plantas, animais e micro-organismos que vivem e já viveram sobre a Terra descendem todos de um ancestral comum, que surgiu há mais de 3 bilhões de anos. Durante um século e meio reuniram-se inúmeras comprovações empíricas desses princípios. A universalidade do DNA, a substância presente no núcleo das células portadora de hereditariedade, é só uma delas.

É uma ideia poderosa, em sua simplicidade. Os organismos não são como são em obediência a um desígnio superior. Ao contrário, sua diversificação resulta do entrechoque de eventos inteiramente naturais -sobretudo mutações genéticas e modificações no ambiente- ao longo de um tempo muito profundo.

Compreende-se que esse modo de encarar a biosfera torne problemáticas outras explicações para a miríade de formas que povoam o mundo, como as inspiradas na literalidade de textos religiosos. Apesar disso, é possível conciliar o mecanismo da seleção natural com a noção de um Deus que o tenha criado.

O próprio Darwin, ateu ou agnóstico, jamais fez de sua teoria uma arma antirreligião. Essa é a caricatura que dele se construiu nos últimos 150 anos. Deixar-se arrastar por ela não faz jus à grandiosidade de sua visão da vida, que está na raiz do enorme avanço da biologia nas últimas décadas e que tanto fez para dissipar ilusões sobre o lugar da espécie humana no universo.
(Folha de São Paulo, 10/02/2009, pág. A2)

TEMAS DA SEMANA 09/02/2009

TEMAS DA SEMANA – 09/02/2009

1. Charles Darwin
. 200 anos de nascimento
. 150 anos da publicação de “As origens das espécies”
1.1 - Darwin e a escravidão
1.2 – A teoria da evolução e as diferentes reações religiosas:
. o criacionismo
. o evolucionismo teísta
. a design intelligente

2. Trânsito urbano: o tráfego e os conflitos de classe, de gênero e os conflitos nacionalistas

3. Fama: a construção midiática das celebridades, de Hollywood à era das revistas de fofocas e da Internet

Referências:
1. Caderno Mais!, Folha de São Paulo, 08/02/2009;
2. Veja, edição 2099, 11/02/2009.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

VESTIBULAR É PROVA DE... LEITURA

VESTIBULAR É UMA PROVA DE ... LEITURA

Ao iniciar o período letivo, falei com os pré-vestibulando a respeito da leitura e de que o vestibular, hoje, é uma prova de leitura.

Citei os diversos tipos de leitura e referi o fato de que a velocidade da leitura e a competência para entender os diversos tipos de textos que aparecem nas provas e na coletânea das propostas de redação são requisitos essenciais para o sucesso.

Frisei a importância de se saber que para cada tipo de texto há um modo específico de leitura. Lembrei, ainda, que certos meios de comunicação são mais utilizados pelas bancas que preparam as provas dos vestibulares (jornais e revistas impressos, por exemplo).

Assim sendo, a leitura do jornal impresso torna-se imprescindível. Ler, identificar e interpretar editoriais, crônicas, charges, textos de opinião em geral, notícias, são competências essenciais.

Para entrar em contato com o universo de leitura dos estudantes, solicitei que escrevessem um depoimento denominado Eu, leitor ou Eu, leitora. Nele deveriam contar sua história como leitores, seus impasses e seus sucessos.

Desses textos, extraí frases que julguei interessantes para publicar neste blog. Retirei títulos de livros que foram lidos com prazer e que não foram necessariamente leituras escolares, também aqui publicados.

Identifiquei causas do gosto pela leitura: identificação com os personagens dos livros, fascinação pela leitura, curiosidade, influência dos pais, avós, parentes em geral, amigos, professores.

Identifiquei também motivadores da falta de gosto de ler: falta de tempo, de dinheiro para adquirir livros e revistas, preguiça, leitura escolar exclusivamente para fins contábeis (as famosas provas de livros), falta de interesse, de iniciativa, de paciência para ler.

Alguns estudantes citaram a chegada do computador como um concorrente para a leitura. A atração que a Internet exerce sobre o jovem desviou da leitura. Favoreceu também o acesso aos famosos resumos de livros, bastante procurados.

No decorrer deste período letivo, procuraremos orientar individualmente para a leitura, considerando as experiências pessoais, para que os interessados possam obter sucesso em seus próximos vestibulares.

Acredito firmemente que a leitura é requisito essencial para o sucesso nas provas de vestibular, pelo sucesso na vida.

Espero que possamos fazer novamente um bom trabalho e bater novamente nosso recorde de aprovações.

Bom trabalho para todos.

Professora Aparecida Donizetti Paes

SUGESTÕES DE LEITURA

SUGESTÕES DE LEITURA

Títulos sugeridos por alunos do Craprevestilar

1. O segredo
2. Dom Casmurro
3. Série Crepúsculo (Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Amanhecer)
4. Violetas na janela
5. Os templários
6. O caçador de pipas
7. Código da Vinci
8. Série Harry Potter
9. Fortaleza digital
10. O retrato de Dorian Gray
11. Utopia
12. A dama das camélias
13. Madame Bovary
14. O mundo de Sofia
15. Marley e eu
16. A arte da guerra

(Sugestões de livros, extraídas de depoimentos sobre leitura, escritos por alunos do Craprevestibular, durante as aulas de Redação da Professora Aparecida Donizetti Paes, no mês de fevereiro de 2009. Os livros foram os mais citados pelos estudantes em seus textos, não como leitura escolarizada, mas como leitura pessoal, prazerosa.)

FRASES

FRASES

Seleção de frases de alunos do Cra Pre-vestibular

“Aproveito cada minuto disponível apesar do cansaço, de todas as minhas limitações, para enfrentar, ou melhor, aventurar, desfrutar de uma nova e excelente leitura.” (Alessandra Aparecida Terra, semi noturno)

“Hoje, há um espaço em minha vida que não pode ser preenchido com outra coisa. É necessário em mim e não é fome nem sono. É leitura. (Melissa Cabral Terra, semi noturno)

“ Costumo dizer que a leitura não é um hábito mas sim uma paixão, uma paixão intensa por descobrir sempre o novo...” (Jéferson Cardoso Costa, extensivo noturno)

“Ler é um exercício para a vida toda.” (Francisco Manuel de Castro, extensivo noturno)
“Hoje leio de tudo e sinto falta, se fico um certo tempo sem fazê-lo.” (Luiz Eduardo Maciel, extensivo noturno)

“Vejo na leitura um abridor de portas e de acessos para qualquer um, pois para mim quem tem poder tem informação, e qualquer tipo de informação é encontrado na leitura.” (Gustavo Laurindo Cardoso, semie noturno)

“Eu me resumiria como um leitor preguiçoso naquilo que não me atrai, mas atencioso e bom, quando o assunto me interessa.” (Diogo Elias Batista, semi noturno)

“... a leitura passa a ser uma rotina na vida de cada um, pois ela está em todo lugar, desde a escola até o lazer.” (Camila Lopes da Costa, extensivo diurno)

“... gosto de ler e me sinto bem quando leio. E a leitura isso: viajar, conhecer, mudar... Por esses e outros motivos, amo ler.” (Gabriella Campos Aguiar, extensivo diurno)

“Nem sempre ler é prazeroso, mas o tempo ensino tudo. O gosto de ler é construído lendo sempre mais um pouco.” (Letícia Vivian Alvarenga)

(As frases acima foram extraídas de depoimentos escritos em aulas de redação da Professora Aparecida Donizetti Paes, no mês de fevereiro de 2009.)